Resumo

          Os efeitos da exposição ao fumo ambiental, no trato respiratório de crianças entre zero a cinco anos, foram avaliados em um estudo transversal, em um bairro da cidade de Fortaleza-Ceará-Brasil. Um questionário padronizado foi respondido pelos pais ou responsáveis. Os domicílios foram escolhidos por amostragem sistemática (um a cada quatro). Foram feitas perguntas a cerca do ambiente intra-domiciliar, a presença de fumantes, sintomas a doenças do trato respiratório das crianças, história de doença respiratória na família e o nível de educação da mãe.

          Nós estudamos 1.104 crianças, 558 (50,5%) eram de sexo masculino e 546 (49,45%) do sexo ferninino, 611 (55%) foram expostas ao tabagismo ambiental. Oitocentos e sessenta a duas crianças (78%) apresentavam queixas respiratórias, 505 (58%) eram expostas ao tabagismo ambiental a 367 (42%) não apresentavam história de exposição ao fumo. Cinqüenta a sete porcento 57,7% (353/611) das crianças apresentavam sibilância (razão de chance = 1,32; IC 95%: 1,04 - 1,68), 43,8% (268/611) apresentavam dispnéia (razão de chance = 1,56; IC 95%: 1,22 - 1,99), as queixas de asma, bronquite ou pneumonia totalizaram 29,4% (180/611) (razão de chance = 1,31; IC 95%: 1,00 - 1,71), 25,6% (157/611) das crianças apresentavam tosse e/ou expectoração (razão de chance = 1,14; IC 95%: 0,87- 1,51). Quanto ao trato respiratório superior a queixa mais freqüente foi a rinite 38,1% (233/611) (razão de chance = 1,46; IC 95%: 1,13 - 1,88).

          Uma análise de regressão logística mostrou que as queixas do trato respiratório inferior estão associadas aos seguintes fatores de associação: tabagismo materno (razão de chance = 2,02; IC 95%: 1,12 - 3,66); o tabagismo paterno (razão de chance = 1,99; IC 95%: 1,16 - 3,40); presença de mofo no domicílio (razão de chance = 1,55; IC 95%: 1,14 - 2,13) e história familiar de doenças respiratórias (razão de chance = 1,72; IC 95%: 1,26 - 2,35). Quanto ao trato respiratório superior as queixas estão associadas aos seguintes fatores: história familiar de doença respiratória (razão de chance = 1,44; IC 95%: 1,13 1,85), e o tabagismo materno (razão de chance = 1,54; IC 95%: 1,01 - 2,35).

          Concluímos que a exposição ao fumo ambiental está associado a queixas do trato respiratório superior a inferior em crianças de zero a cinco anos.