Resumo

                      Esse trabalho tem o objetivo de avaliar o desenvolvimento dos estados de intolerância à glicose em mulheres após 5 anos de IGG, estudando a incidência e os fatores de risco pats o desenvolvimento de diabétes ou intolerância à glicose. Setenta mulheres com IGG( grupo I) e cento e oito mulheres sem IGG (grupo II) foram submetidas a um TOTG-75g e classificadas de acordo com os critérios da OMS em: normais, intolerantes à glicose e diabéticas. Dados sobre história familiar de diabetes, paridade, macrossomia fetal, idade, cor da pele, uso de anticoncepcional, obesidade pré-gravídica e atual, razão cintura-quadril, presença de hipertensão arterial, foram analisados por testes estatísticos de associação (Fischer a qui-quadrado). Características da gravidez-índice, consideradas preditoras do desenvolvimento de diabetes ou intolerância à glicose, foram analisadas por teste de comparação de médias (Mann-Whitney e t-Student), com logaritmização de alguns dados. Uma análise de regressão múltipla logística foi utilizada para aquelas variáveis consideradas bons preditores.

          Os resultados revelam que a incidência, em cinco anos, no grupol foi de 8,6% para diabetes e 37,1 % para intolerância à glicose. No grupo II a incidência de diabetes foi de 6,5% e de intolerância à glicose foi de 18,5%, mostrando uma diferença significativa entre os dois grupos (p=0,013). Os fatores de risco que mostraram associação significativa com o desenvolvimento dos estados de intolerância à glicose, para pacientes do grupo I foram: a obesidade atual, avaliada pelo IMC atual (p=0,001; RR:2,84 e IC:1,23-6,56), a obesidade pré-gravídica, avaliada pelo IMC pré-gravídico (p=0,001; RR:2,32 e IC:1,16-4,64), a hipertensão arterial (p=0,011; RR:1,99 e IC:1,02-4,12), a macrossomia fetal (p=0,036; RR:2,0 e IC:1,01-4,55), e a atividade física (p=0,028; RR:0,51 a IC:0,23-0,98). Para o grupo II, apenas a obesidade pré-gravídica (p=0,010; RR:2,38 e IC:1,10-5,12) e a obesidade atual (p=0,014; RR:2,56 e IC:1,12-5,84) foram significantes no desenvolvimento dos estados de intolerância à glicose atual. Na análise de regressão múltipla os seguintes fatores foram considerados preditores para o desenvolvimento de diabetes ou intolerância à glicose: IGG prévia (OR:3,59), atividade física nenhuma ou leve (OR:2,43), IMC atual (OR:2,60), IMC pré-gravídico (OR:2,75). Para as características antes do parto (idade materna, idade gestacional em dias na época da realização do TOTG na gravidez-índice, e valores de glicemia durante o TOTG da gravidez-índice), nenhuma se mostrou significativa (p>0,05) em relação ao desenvolvimento de diabetes ou intolerância à glicose.

           Concluímos que: a incidência, em cinco anos, de diabetes e intolerância à glicose foi de 8,6% a 37,1 %, respectivamente, para,  as mulheres do grupo I. No grupo II, a incidência, em cinco anos, de diabetes e intolerantes foi de 6,4% e 18,5%, respectivamente. As mulheres do grupo I têm um risco de 3,5 vezes de se tornar diabética ou intolerante à glicose em relação ao grupo II; as obesas têm um risco de 2,60 vezes de se tornar diabética ou intolerante comparadas com as não obesas; as mulheres que tinham obesidade pré-gestacional têm um risco de 2,75 vezes de serem intolerantes à glicose ou diabéticas quando comparadas com as que não tinham obesidade pré-gestacional; e as mulheres que praticam nenhuma ou leve atividade física têm um risco de 2,43 vezes de se tornarem intolerantes ou diabéticas em relação às que praticam moderada ou intensa atividade física.